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terça-feira, 16 de março de 2010

Época de Mudanças.

Época de Mudanças.
Sinto-me com um certo descontentamento constante de quem não tem todas as recordações, todos os pensamentos desconcertantes arrumados em pequenas caixinhas de papelão, a que tão vulgarmente chamamos "caixinhas das recordações".

Como se o nosso coração não fosse ele uma gigante caixa das recordações, não com 4 cavidades, mas com uma infinidade delas onde colocamos o melhor e o pior de nós. São como gavetas, caixas empoeiradas que deixamos para lá, a um canto.

Mas de repente tudo muda e é preciso seguir em frente, às vezes é preciso deixar as caixas se encherem de pó num sítio qualquer do nosso pensamento, do nosso coração, ou então não teria o homem criado o sótão, sítio predilecto de esquecimento das recordações físicas.

Sinto-me vazia e completa ao mesmo tempo, vazia porque não consigo encontrar facilmente o essencial dos sentidos, e completa porque estou a abarrotar de sentimentos, pensamentos, e até de velhas recordações que não sei onde arrumar.

É assim em época de mudanças. Mudamos de vida, renovamos a casa, mudamos de amor, mudamos de objectivos, mas há sempre aquelas pequenas coisas, irritantes diga-se de passagem, que nunca sabemos onde enfiar, porque para reorganizarmos a nossa vida, temos que tirar tuuuudo cá para fora e colocar aos poucos cada coisa no seu sítio. Deitamos uma data de coisas fora, que já não fazem sentido, que não nos pertencem, outras que estão desconectada, ou que já estão gastas, e guardamos religiosamente cada pedaço de nós que já ultrapassámos, mas que ainda amamos demais para poder esquecer. Por isso, surgem aquelas tais caixas das recordações onde guardamos, com cuidado, tudo o que não queremos abdicar mas, que também não queremos presente.

Um dia destes, essas caixas vão encher-se de pó e vamos acabar por esquecer. Porque a vida é feita de (novas) recordações e (velhos) esquecimentos.

PS: A ti... não te quero esquecer. A ti... não te quero perder. Tu... quero-te sempre aqui, perto de mim, perto do meu coração, bem desarrumado, bem desembrulhado, para que eu possa sempre amar, apaixonar-me de novo a cada dia.