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quarta-feira, 21 de abril de 2010

Olhos da cor do Mar















Olhos da cor do Mar

deixo ser o meu ser

fragilidades enroladas
numa onda de mar breve,
em mar imenso

olho esses olhos
e faço-os viajar

por dentro

pequeno barco
em largo mundo

olho-os
fitam-me

no que não dizem
não pensam
não sabem

revelam-se azuis
extensos

dou mãos à nostalgia futura
à impotência
de os agarrar
de os salvar
do impossível desconhecido
tão certo como errado
construído hoje
em amanhãs incertos

nado-lhes o mistério
de o serem
ainda assim
enormes
vastos como um universo calado.

olho esses olhos
chorados
salgados
coloridos de algas

embrulhados em sonhos
em vidas
em fingimentos

ternuras vindas
aceites
fugidas
dissimuladas
sentidas
temidas
caladas
ausentes
presentes
desejadas
contrariadas
imprevistas
incertas
certas

acontecidas

olho-os e deixo ser o meu ser

fragilidades enroladas

numa onda de mar longa,
em breve, breve mar.